França: nove cabeças de porco encontradas à porta de mesquitas em Paris e na região de Île-de-France

Nove cabeças de porco foram descobertas esta terça-feira de manhã em frente a várias mesquitas de Paris e da região de Île-de-France, algumas com a inscrição "Macron", informou o Ministério Público de Paris.
Quatro das cabeças de porco - um animal considerado impuro pelo Islão - foram encontradas nos 15º, 18º e 20º arrondissements da capital, enquanto as outras cinco foram encontradas nos subúrbios do interior, em Montrouge, Malakoff e Montreuil.
No 15º bairro, a cabeça de porco foi descoberta por volta das 5h45 da manhã por um fiel. A câmara de vigilância da mesquita revelou que um indivíduo a tinha deixado lá por volta das 3 da manhã. O suspeito estava"vestido de preto e usava uma máscara", segundo o presidente da câmara do arrondissement, Philippe Gonjon.
Ligações com incidentes anteriores atribuídos a ingerência estrangeira
Na rede social X, o prefeito da polícia de Paris, Laurent Nuñez, denunciou "atos desprezíveis", acrescentando que tinha sido "imediatamente aberto um inquérito ".
A investigação foi confiada à brigada criminal da prefeitura de Paris por "incitação pública ao ódio ou à violência e violência agravada por motivos de raça, origem ou religião ".
"É óbvio que uma ação desta envergadura, necessariamente levada a cabo em simultâneo por várias pessoas, levanta questões", afirmou o prefeito, que comparou estes atos a ações anteriores, por vezes atribuídas a ingerência estrangeira - nomeadamente a marcação de estrelas de David em Paris no outono de 2023 ou de mãos vermelhas no Memorial da Shoah em maio de 2024. No entanto, o Prefeito de Paris pediu cautela.
Um ato de"cobardia insondável", segundo Bruno Retailleau
O presidente Emmanuel Macron reuniu-se com representantes da comunidade muçulmana de Paris para lhes oferecer o seu apoio.
Na rede social X, o ministro do Interior, Bruno Retailleau, denunciou a "provocação insuportável".
"Atacar locais de culto é de uma cobardia insondável", declarou.
O reitor da Grande Mesquita de Paris, Chems-Eddine Hafiz, lamentou "uma nova e triste etapa na escalada do ódio anti-muçulmano".
"A Grande Mesquita de Paris condena com a maior veemência os atos islamofóbicos perpetrados ontem à noite", que "visam dividir a nossa comunidade nacional", afirmou em comunicado, apelando à "consciência nacional e à solidariedade contra esta trajetória de perigo".
Entre janeiro e maio de 2025, os actos antimuçulmanos em França aumentaram 75% em comparação com o mesmo período de 2024, tendo triplicado os ataques dirigidos diretamente a indivíduos, de acordo com dados publicados pelo Ministério do Interior em julho.
França tem entre cinco e seis milhões de muçulmanos, praticantes e não praticantes, o que faz do Islão a segunda maior religião do país e da comunidade muçulmana francesa a maior da Europa.
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