Coreia do Norte executou mais pessoas por verem filmes estrangeiros, segundo relatório da ONU

A Coreia do Norte parece estar a aumentar o recurso à pena de morte por atos como ver ou partilhar filmes estrangeiros, segundo um novo relatório importante da ONU.
De acordo com o Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, há indícios de que o trabalho forçado em locais como as minas de carvão está também a tornar-se mais comum no país isolado.
Segundo o relatório, os órfãos e os membros de famílias pobres são frequentemente selecionados para este tipo de trabalho perigoso.
Com base em entrevistas efetuadas a mais de 300 pessoas que fugiram do país na última década, o relatório concluiu que a Coreia do Norte está mais fechada do que nunca.
Os seus habitantes estão "sujeitos a uma propaganda incessante do Estado durante toda a sua vida", sendo as restrições mais severas do que em qualquer outro país, concluiu a ONU.
Um dos fugitivos afirmou que o aumento das medidas repressivas nos últimos anos tinha por objetivo "tapar os olhos e os ouvidos do povo".
"Era uma forma de controlo destinada a eliminar até os mais pequenos sinais de insatisfação ou de queixa", acrescentou.
Fuzilamento público por pelotões de fuzilamento para desencorajar outros
Desde que Kim Kong-un assumiu o poder após a morte do pai em 2011, foram introduzidas mais leis que permitem a pena de morte. Uma delas diz respeito ao visionamento e à distribuição de conteúdos mediáticos produzidos no estrangeiro.
Entrevistados norte-coreanos disseram à ONU que, a partir de 2020, se registaram mais execuções com base nesta lei.
Os culpados são fuzilados em público por pelotões de fuzilamento, numa tentativa de desencorajar outros a seguirem o exemplo, disseram os fugitivos.
Entretanto, a população do país continua a ver o seu direito à alimentação violado, sendo as políticas estatais responsáveis pela fome, sugere o relatório.
Falando sobre as conclusões do relatório, Volker Türk, alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, descreveu os últimos dez anos como "uma década perdida" para a Coreia do Norte.
"E custa-me dizer que, se [a Coreia do Norte] continuar na sua trajetória atual, a população será sujeita a mais sofrimento, repressão brutal e medo que suportou durante tanto tempo", afirmou.
"As centenas de entrevistas efetuadas mostram um desejo claro e forte de mudança, especialmente entre os jovens", acrescentou Türk.
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