Macron admite que França travou uma "guerra" nos Camarões durante a descolonização

Numa carta enviada ao presidente dos Camarões, Paul Biya, datada de 30 de julho e tornada pública na terça-feira, Emmanuel Macron reconheceu oficialmente que a França travou"uma guerra" nos Camarões contra os movimentos armados da oposição antes e depois da independência, em 1960.
"Cabe-me a mim assumir hoje o papel e a responsabilidade de França nestes acontecimentos", afirmou o presidente francês, acrescentando que "a guerra continuou para além de 1960, com a França a apoiar as ações das autoridades independentes dos Camarões".
Emmanuel Macron baseia-se nas conclusões de um trabalho que lançou em 2022 para esclarecer a luta de França contra a independência e os movimentos de oposição nos Camarões entre 1945 e 1971.
Realizado por uma comissão franco-camaronesa e apresentado em janeiro passado, este inquérito "mostrou claramente que teve lugar uma guerra nos Camarões, durante a qual as autoridades coloniais e o exército francês exerceram violência repressiva de vários tipos".
Apelo ao reforço dos laços franco-camaroneses
O relatório sobre os Camarões e a investigação que o completará "permitirão continuar a construir o futuro em conjunto, a reforçar a relação estreita que une França e os Camarões" , sublinhou Emmanuel Macron, que destacou ainda os "laços humanos" entre as "sociedades civis" e a juventude" dos dois países.
Mathieu Njassep, presidente da Associação dos Veteranos dos Camarões, que reúne antigos combatentes independentistas, congratulou-se com a iniciativa, manifestando a esperança de que França pague indemnizações. "A França cometeu muitos crimes nos Camarões. Pode pagar indemnizações. Destruiu aldeias, estradas, tantas coisas... Há muitas coisas que tem de fazer", afirmou.
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