Conteúdos falsos em alegadas reportagens da Euronews continuam a circular na Internet

Desde a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, o Kremlin intensificou um tipo específico de campanha de propaganda, que consiste em alterar digitalmente e falsificar notícias dos principais meios de comunicação social.
Por exemplo, um segmento noticioso que foi transmitido no programa "Good Morning Romania" da Euronews, em fevereiro, apareceu recentemente nas contas das redes sociais pró-russas e nos canais Telegram.
O segmento de notícia do programa "Good Morning Romania", transmitido pela Euronews em fevereiro, apareceu recentemente nas redes sociais pró-russas e nos canais de Telegram, onde se retirou do contexto uma declaração de Cristian Diaconescu, chefe da chancelaria presidencial romena, para dar a entender que apoiava a ideia de a Roménia deixar a NATO e juntar-se à Rússia.
"A Roménia deve juntar-se à Rússia. Não precisamos da NATO", diz a legenda sobreposta ao vídeo.
As contas que republicaram o vídeo encurtaram-no e inseriram bandeiras romenas e russas, bem como o símbolo comunista da foice e do martelo, para reforçar a narrativa pró-Kremlin.
Na reportagem real, transmitida em fevereiro, Diaconescu sugeriu que Moscovo quer que a NATO reverta as suas garantias de segurança para o que eram em 1997. Isto significaria que os países que aderiram à aliança depois de 1997, como a Roménia, não estariam cobertos.
Em 1997, existiam 16 países da NATO, em comparação com os atuais 32. Nessa altura, a aliança limitava-se sobretudo à Europa Ocidental, aos EUA e ao Canadá, partilhando uma fronteira relativamente pequena com a Rússia através da parte nordeste da Noruega.
A Roménia aderiu oficialmente à NATO em 2004, na altura em que muitos outros países europeus que tinham estado historicamente sob influência soviética, ou mesmo incorporados à força na União Soviética, estavam a fazer o mesmo, incluindo a Bulgária e os países bálticos.
Diaconescu também afirmou que a Rússia quer estabelecer unilateralmente uma esfera de influência sobre a Europa de Leste e forçar o Ocidente a aceitá-la.
Mais tarde, esclareceu que nenhuma das questões está a ser discutida e que o presidente russo Vladimir Putin divulgou informação pela primeira vez no início da sua invasão em grande escala da Ucrânia, como potenciais medidas que aceitaria para parar a sua ofensiva.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Roménia rejeitou todas as alegações feitas na falsa reportagem da Euronews, afirmando que se trata de uma linha de ataque típica dos atores pró-russos.
A campanha pró-russa Matryoshka intensifica os seus esforços para espalhar desinformação na Moldávia, antes das eleições, recorrendo muitas vezes a falsas reportagens da Euronews e a vídeos alegadamente criados por outros meios de comunicação social respeitáveis.
A EuroVerify já desmascarou vários casos, incluindo falsos vídeos da Euronews publicados por falsos jornalistas que alegam criminalidade na Moldávia e outros que afirmam que a Roménia advertiu as autoridades francesas sobre a interferência na segunda volta das eleições presidenciais romenas.
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