Luís Montenegro em Pequim pede apoio a Xi Jinping para a paz na Ucrânia

O primeiro-ministro português referiu a guerra na Ucrânia ao presidente da China, no primeiro dia da visita oficial ao país. Num encontro no Grande Palácio do Povo, Luís Montenegro, apelou a Xi Jinping que use a influência junto da Rússia para que a paz seja alcançada.
"Contamos muito com o vosso contributo e a relação próxima que a China mantém com a Federação Russa para podermos, o mais rápido que seja possível, construir uma paz justa e duradoura na Ucrânia", disse Montenegro, citado pela agêcia Lusa.
A China não tem uma posição oficial na guerra na Ucrânia, mas é conhecida a proximidade entre Moscovo e Pequim.
Esta proximidade foi visível a semana passada, quando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, esteve na China para a cimeira da Organização para a Cooperação de Xangai e para o desfile do fim da Segunda Guerra Mundial. Durante a parada, Putin permaneceu ao lado de Xi.
O primeiro-ministro português realçou o papel de Pequim no contexto internacional.
"A China tem um papel fundamental no contexto global e internacional, é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, sublinhou.
“Nós esperamos o vosso contributo para podermos construir pontes entre povos, aproximar alguns daqueles que se encontram em conflito, promover a paz, promover o multilateralismo, promover o respeito pelos direitos humanos", sublinhou Luís Montenegro.
Xi também fala no papel internacional de Portugal
O encontro no Grande Palácio do Povo entre as delegações chinesa e portuguesa decorreu à porta fechada, estando apenas aberto para imagens durante os primeiros três minutos.
Durante este curto período, Xi Jinping também falou do papel de Portugal no panorama internacional, que disse ser “importante”, mencionando em particular três antigos primeiro-ministro portugueses.
“O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso – tenho boas relações com eles”, afirmou, citado pela agência Lusa.
Xi Jinping aproveitou para pedir a Portugal que trabalhe na parceria entre a China e a União Europeia.
"Quanto mais turbulento e interligado se torna o panorama internacional, maior é a necessidade de a China e a Europa reforçarem a comunicação, aumentarem a confiança mútua e aprofundarem a cooperação", afirmou Xi, citado pela agência Xinhua.
O presidente da China aproveitou também para elogiar as relações entre os dois países, numa altura em que comemoram 20 anos da assinatura de uma parceria estratégica.
“Portugal é um bom amigo da China”, disse Xi, citado pela agência Lusa, referindo como exemplo a “forma amigável” como decorreu a transição de Macau.
“Portugal foi também o primeiro país da Europa Ocidental a assinar acordos de cooperação com a China no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota e o primeiro país da zona euro a emitir obrigações em moeda chinesa”, acrescentou.
Em termos económicos, o primeiro-ministro de Portugal também agradeceu o apoio da China durante a crise financeira em Portugal.
“Não nos esquecemos, pelo contrário, temos muito bem presente e respeitamos a aposta que a China desenvolveu na economia portuguesa, num dos momentos mais críticos do nosso país, quando da crise financeira", acrescentou.
O primeiro-ministro português chegou a Pequim na segunda-feira, mas a agenda oficial apenas começou esta terça-feira, com uma cerimónia na praça Tiananmen.
Da comitiva fazem também parte Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Manuel Castro Almeida, ministro da Economia e da Coesão Territorial, e Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia.
Esta terça-feira, Montenegro vai ainda encontrar-se com o primeiro-ministro da China, Li Qiang.
Pequim é a primeira paragem desta visita oficial de Luís Montenegro à Ásia, que também o vai levar a Macau e às cidades de Tóquio e Osaka, no Japão.
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