Como é que a falta de professores na UE está a afetar a qualidade da educação?

Com o início de um novo ano letivo e o regresso dos alunos às salas de aula em toda a UE, a questão da falta de professores continua a ser crítica em vários Estados-membros.
Países como França, Portugal e Bélgica divulgaram os seus dados relativos à educação para o ano letivo de 2025/2026 nas primeiras semanas de setembro.
França enfrenta uma escassez de pelo menos um professor em mais de metade das suas escolas públicas, com três quartos das escolas do ensino básico e secundário a reportarem um corpo docente incompleto, de acordo com o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Secundário francês, SNES-FSU.
A ministra da Educação francesa, Élisabeth Borne, declarou, a 1 de setembro, que falta "o equivalente a 2.500 professores". O sindicato afirma que "os números que apresentou são provavelmente subestimados".
Espanhol, Francês e a Matemática estão entre as disciplinas mais afetadas.
"Na academia de Aix-Marseille, falta pelo menos um professor em 41% dos liceus e escolas secundárias, e enquanto este número é de 29,1% na academia de Dijon, sobe para 72% na academia de Créteil e quase 75% na academia de Lyon", afirma o sindicato.
Em Portugal, a situação é semelhante. Mais de 3.000 turmas não têm pessoal completo, sendo as aulas de Inglês, Português e Geografia as mais afetadas, segundo o sindicato dos professores portugueses, Fenprof.
No ensino básico, mais de 4.000 alunos estão em risco de iniciar o ano letivo, que começa entre 11 e 15 de setembro, sem professor.
A capital portuguesa, Lisboa, está entre as zonas mais afetadas.
No entanto, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, afirma que os números apresentados pelos sindicatos são incorrectos, uma vez que "em 98%/99% das escolas, todos os professores foram colocados e os alunos terão aulas em todas as disciplinas".
Entretanto, nas escolas francófonas da Bélgica, o problema é mais persistente nas escolas secundárias, onde chega a faltar um quarto dos professores necessários.
Em consequência, algumas escolas passaram a ter uma semana letiva de quatro dias.
A falta de professores em Bruxelas é ainda mais grave do que no resto da Flandres, sendo duas vezes superior à de Antuérpia ou Gand.
Pode ser complexo ter uma visão global da situação na Bélgica, uma vez que esta está dividida por comunidades linguísticas: Francês, neerlandês e alemão.
Quais são as razões subjacentes a esta crise?
A UNESCO calculou que mais de 90% da falta de professores estimada na Europa e na América do Norte se deve ao facto de os professores abandonarem a profissão.
A escassez de professores é dispendiosa, tem impacto na carga de trabalho e pode dissuadir as gerações futuras de aderir à profissão, o que pode criar um ciclo de educação de baixa qualidade, perpetuando as desigualdades educativas, segundo a UNESCO.
A falta de profissionais também tem um impacto no tempo que as crianças passam na sala de aula.
Em média, o número total de horas recomendadas no ensino geral obrigatório a tempo inteiro é de 7.868.
No entanto, o total ficou abaixo da média em 22 sistemas educativos para o ano de 2024/2025.
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