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Quase metade da população portuguesa já foi vítima de violência, mulheres são mais afetadas

• Nov 20, 2025, 11:35 AM
6 min de lecture
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Quase metade da população portuguesa já foi vítima de algum tipo de violência ao longo da vida, mas são particularmente as mulheres as principais vítimas de violência sexual, na intimidade ou de assédio.

As conclusões constam numa nota complementar, intitulada “Género e Violência em Portugal: Um Retrato da Desigualdade”, que integra o relatório anual “Portugal, Balanço Social 2025”, elaborado pela universidade Nova SBE, e a que a Euronews teve acesso.

O documento analisa a desigualdade de género e a prevalência da violência em Portugal, com base em dados do Inquérito sobre Segurança no Espaço Público e Privado (ISEPP, INE 2022) e dos inquéritos europeus sobre violência de género (EU-GBV, Eurostat 2022).

De acordo com o relatório, 46,8% das mulheres portuguesas e 42,6% dos homens já foram vítimas de algum tipo de violência ao longo da vida.

"A violência na intimidade é mais frequente entre as mulheres, atingindo 22,5%, enquanto entre os homens é de 17,1%. A violência física e/ou sexual é experienciada por ambos os sexos, mas com maior gravidade e repetição entre as mulheres; 19,7% das mulheres foram vítimas, e em mais de metade dos casos os episódios repetiram-se ao longo do tempo", revela a análise.

A violência sexual também "afeta desproporcionalmente as mulheres, com 6,4% das mulheres e 2,2% dos homens a declararem ter sido vítimas". Já a violência psicológica é a forma de abuso mais comum, afetando 21,8% das mulheres e 16,8% dos homens.

O relatório evidencia igualmente que "a severidade da violência é mais elevada entre as mulheres: 62,7% reportam danos físicos e 19,3% referem limitações nas atividades diárias em consequência das agressões". "Entre os homens, esses valores são inferiores, o que reforça a desigualdade no impacto e nas consequências da violência", destacam os autores do documento.

Apesar da magnitude do fenómeno, a denúncia da violência permanece limitada, já que "apenas 65,3% das vítimas comunicaram o sucedido" e "mais de 60% recorreram apenas a familiares ou amigos", descendo para cerca de 20% os que apresentaram queixa às autoridades.

A maioria das mulheres reconhece a existência de linhas telefónicas de ajuda de associações não governamentais (84,8%), casas de abrigo (88,9%) e apoio jurídico gratuito (63,9%). Para os homens, as percentagens são similares, mas ligeiramente mais baixas. Ainda assim, a prevalência de conhecimento destes diversos apoios contrasta com os baixos níveis de reporte observados em Portugal.

Insegurança e perceções

Segundo o relatótio, as diferenças de género também se manifestam nas perceções de segurança. Apenas 77,1% das mulheres afirmam sentir-se seguras quando andam sozinhas na rua à noite, em contraste com 89,5% dos homens.

Além disso, 44% das mulheres consideram que a violência exercida por maridos ou companheiros contra mulheres é muito comum, enquanto apenas 25% dos homens partilham essa perceção.

Por outro lado, apenas 10,5% das mulheres e 6,9% dos homens reconhecem a violência contra os homens por parte das mulheres ou companheiras como um fenómeno muito comum. "Os dados demonstram que, embora a consciência sobre a violência contra as mulheres seja elevada, a vitimização masculina tende a ser subestimada", lê-se na nota complementar.

A desigualdade de género também está presente no contexto laboral, com 23,8% das mulheres afirmam ter sido vítimas de assédio persistente e 12,3% de assédio sexual no trabalho. Entre os homens, esses valores são de 17,3% e 5,2%, respetivamente. "Mais de metade das mulheres vítimas de assédio sexual no trabalho descrevem episódios repetidos ao longo do tempo", apontam os autores do relatório.

Portugal no contexto europeu

A análise permitiu constatar que "Portugal apresenta níveis de prevalência de violência mais baixos do que a média da União Europeia". "Em Portugal, cerca de 22,5% das mulheres foram vítimas de violência em contexto de intimidade (31,8% na UE27) e 19,7% foram vítimas de violência física e/ou sexual (30,7% na UE27)", sinaliza o relatório.

Contudo, em Portugal, a taxa de denúncia é inferior à da UE27 (65,3% comparativamente a 68,2%). Segundo os autores, os dados sugerem que "o estigma social e a desconfiança institucional continuam a ser obstáculos à denúncia e à proteção eficaz das vítimas".

A análise conclui ainda que "os progressos alcançados na igualdade formal entre homens e mulheres não eliminam as desigualdades substanciais que persistem no quotidiano", identificando a violência de género como "simultaneamente uma causa e uma consequência dessas desigualdades", que "exige uma resposta pública articulada, que combine educação, prevenção, apoio social e justiça".

Na próxima terça-feira, dia 25 de novembro, as ruas de Lisboa vão ser palco de uma manifestação que reivindica o fim da violência de género. A marcha, marcada para as 18h30, com saída do Intendente até ao Largo de São Domingos, assinala o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, data em que mulheres de todo o mundo fazem esta reivindicação.


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