Preços das casas em Portugal registam a maior subida dos últimos seis anos

Para muitos, a situação está mesmo a ficar insustentável. O sonho de comprar uma casa tem que ser adiado. É que os preços não param de crescer e os ordenados portugueses não chegam para os valores muito altos que se praticam nos dias de hoje. E todos os dados provam esse crescimento.Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), nos primeiros três meses deste ano, o preço mediano dos 40.163 alojamentos familiares transacionados em Portugal atingiu os 1.951 euros por metro quadrado. Este é um valor que representa um aumento de 4,3% relativamente ao último trimestre do ano passado e de 18,7% em relação ao período homólogo de 2024. É esta a variação mais elevada desde o início da série, no primeiro trimestre de 2019.
No período em análise, adianta ainda o INE, o número de transações foi maior do que o registado no mesmo trimestre de 2024 (32.169 transações), representando um aumento de 24,9%.
Os dados do gabinete de estatística mostram ainda que 25 das 26 sub-regiões NUTS III do país registaram crescimentos homólogos do número de transações de alojamentos familiares, tendo o Ave (40,4%), o Alto Minho (36%), o Baixo Alentejo (34,6%), o Algarve (33,4%) e o Alto Alentejo (32,2%), registado crescimentos acima de 30%.
Já no que diz respeito à Grande Lisboa e a Área Metropolitana do Porto, estes grandes centros urbanos concentraram 35,6% das transações de alojamentos familiares no 1.º trimestre de 2025.
No período em análise, as sub-regiões da Grande Lisboa (3.183 euros por metro quadrado), Algarve (2.929 euros por metro quadrado), Região Autónoma da Madeira (2.518 euros por metro quadrado), Península de Setúbal (2.325 euros por metro quadrado) e Área Metropolitana do Porto (2 154 euros por metro quadrado) registaram preços da habitação superiores aos do país. E o INE salienta ainda que todas estas sub-regiões registaram taxas de variação homóloga inferiores à nacional, com exceção da Região Autónoma da Madeira (+23,1%).
Já o menor crescimento homólogo aconteceu na sub-região Alto Tâmega e Barroso (4,5%).
Outros dados
Sendo certo que os dados do gabinete de estatística mostram um crescimento nos preços das casas, não são os únicos. Dados da Confidencial Imobiliário mostram que, nos primeiros três meses deste ano, a nível concelhio, 257 dos 278 concelhos monitorizados em Portugal Continental, ou seja, 92% dos mercados, registaram subidas homólogas superiores às observadas no último trimestre do ano passado.
«Isso implica que dois terços dos municípios (186 concelhos) estejam agora a valorizar mais de 15% em termos anuais, quando no final de 2024 esse era o caso em cerca de um terço dos mercados (93 municípios)», alerta. Além disso, «também o nível máximo de valorização entre os concelhos analisados expandiu, passando de 26% no quarto trimestre de 2024 para 31% no primeiro trimestre de 2025».
A Confidencial Imobiliário revela que esta tendência é «predominante quer entre as capitais de distrito quer nos mercados das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, bem como no Algarve».
Faro, por exemplo, é uma das cidades do país com maior aumento do ritmo de crescimento dos preços, passando de uma subida de 11,5% no final de 2024 para um crescimento anual de 22,9% no período em análise. «Outras capitais de distrito com fortes incrementos da valorização são cidades de interior, casos de Portalegre, Beja, Santarém, Castelo Branco e Vila Real, que registaram valorizações de entre 15% a 24% no 1º trimestre deste ano». Outras duas cidades que aceleraram na subida de preços no primeiro três meses do ano foram Lisboa e Porto. No caso de Lisboa, a valorização atingiu 8,6% e no Porto 10,7%, comparativamente a 5,5% e 7,8%, respetivamente, no quarto trimestre de 2024. Na região Metropolitana do Porto, todos os mercados registaram uma aceleração nos índices de valorização, enquanto na região de Lisboa, Mafra teve a maior subida de preços (+22,1%).
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, diz que o primeiro trimestre «mostra ainda um aquecimento dos preços em praticamente todo o país, levando a que valorização homóloga nacional tenha atingido um pico da ordem dos 16% em março». Contudo, é da opinião de que este cenário pode mudar. «O Índice de Preços Residenciais apurado mensalmente para Portugal mostra um arrefecimento da taxa de variação mensal, que atingiu 0,2% em maio, abaixo de 1,4% registado em abril, que já tinha travado face aos 2,7% de março, restando agora ver se esta é uma nova tendência no comportamento dos preços».
E é ainda preciso ter em conta que a oferta tem caído. Nos primeiros três meses do ano, a oferta de habitação para venda em Portugal Continental caiu 3% face ao trimestre anterior. «Este é o terceiro trimestre consecutivo em que a oferta decresce, depois de um período de dois anos em que o stock para venda cresceu cerca de 36%», refere a Confidencial Imobiliário.
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