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Arrendar um quarto para estudar em Portugal já custa mais de 400 euros

• Jul 28, 2025, 11:05 AM
6 min de lecture
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Com as candidaturas à primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior a decorrerem até 4 de agosto, vários são os fatores que influenciam a escolha dos futuros jovens universitários. E se outrora a instituição de ensino era o principal critério a ter em consideração, hoje a cidade da faculdade e os preços de arrendamento praticados podem ser a condição principal.

O preço do alojamento no setor privado tem vindo a aumentar, nos últimos anos, o que dificulta o acesso ao ensino superior. De acordo com o último relatório do Alojamento Estudantil publicado no início deste mês, citado pelo Público, o preço médio por quarto é de 415 euros.  

Este é o primeiro ano em que o preço médio dos quartos em Portugal está acima dos 400 euros, desde 2021, altura em que o Observatório começou a fazer esta contagem. 

Segundo o relatório, que recolheu dados de fontes públicas de informação, designadamente portais imobiliários e sites de agências do setor, agregando dados de mais de 20 plataformas distintas, foram sinalizados 6.884 quartos para arrendar em todo o país. A análise feita no ano passado, em julho de 2024, indicava que existiam 5.684 quartos disponíveis, sendo o preço médio na altura de 397 euros.  

"É com muita preocupação que olhamos para esses números, porque o aumento da oferta não está a fazer descer os preços e é por essa razão que insistimos tanto na importância de ter um parque público de habitação", disse o presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL), Pedro Neto Monteiro, citado pelo Público. 

Quais são as cidades com os quartos mais caros?

Entre as principais cidades universitárias, a capital, Lisboa, é a que apresenta rendas de quartos mais elevadas, no setor privado, com um preço médio de 500 euros. No distrito de Lisboa, as rendas podem mesmo chegar aos 714 euros. Segue-se o Porto com um preço médio de 400 euros, Braga com 323 euros e só depois Coimbra, onde os quartos para estudantes custam em média 280 euros.

Já as cidades onde as rendas dos quartos, no setor privado, são mais baixas, tendo em conta o número de imóveis disponíveis para alojamento estudantil, são a Guarda com um preço médio de 180 euros, e Bragança e Castelo Branco com 200 euros.

É possível salientar que, nos últimos 12 meses, a variação dos preços dos quartos foi de 4,6% em Lisboa, 4,1% no Porto, 1,1% em Braga e 4,4% em Coimbra. As cidades com maior variação de preços foram Ponta Delgada (50,5%) e Funchal (26%), embora tenham um número reduzido de quartos disponíveis.

Para além de rendas incomportáveis, o mercado privado é marcado por práticas ilegais, com senhorios a recusarem emitir recibos, impedindo os estudantes de ter acesso a ajudas estatais para comparticipar as despesas com o alojamento.

Tem havido um crescente debate sobre priorizar o alojamento estudantil em Portugal, tendo Governo prometido, em 2023, mais de 15.000 camas novas até 2026. O Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) estima que, atualmente, as residências de estudantes do ensino público tenham uma capacidade máxima de 16.571 camas.

Em abril deste ano, o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), cujas verbas financiam o PNAES, tinha revelado que seriam esperadas mais quatro mil camas no alojamento estudantil até ao final de setembro.

As residências públicas que têm vindo a ser construídas são compostas essencialmente por quartos duplos, o que não é assim tão atrativo para os jovens estudantes.

"Estive recentemente numa residência nova, onde os quartos, para duas pessoas, tinham nove metros quadrados, camas a 60 ou 70 centímetros uma da outra, e muitos estudantes não querem estar num quarto tipo cela monástica, onde quase dormem de mão dada com um desconhecido. Resultado, temos residências públicas, por vezes com vagas, porque pelo preço que praticam para não bolseiros não são atrativas. É o caso de residências, com quartos duplos, onde a mensalidade de cada cama chega a ser de perto de 200 euros. Não é um valor baixo por uma cama", afirmou Manuel Matos professor no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), uma escola do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), citado pelo Público.

115 mil estudantes deslocados no ano letivo 2023/2024

Apesar de ainda não estarem disponíveis dados deste ano, no ano letivo de 2023/2024 havia cerca de 115 mil estudantes deslocados no ensino público, cerca de um terço dos estudantes do ensino superior. As mensalidades praticadas nos alojamentos estudantis públicos são, em média, inferiores às rendas dos quartos no setor privado, oscilando entre menos de 100 euros e 400 euros por quarto.

Estudantes deslocados do ensino superior em Portugal - quer sejam bolseiros ou não - que não consigam vaga numa residência pública podem solicitar um complemento de alojamento, cujo valor varia consoante os rendimentos familiares e a localização da instituição de ensino.

Os bolseiros que não tenham conseguido lugar em residências públicas de estudantes, podem receber um apoio de até 483 euros mensais em Lisboa, Oeiras e Cascais. Já os estudantes deslocados que não tenham bolsa, e que tenham um rendimento familiar per capita abaixo de 28 IAS (Indexante dos Apoios Sociais), podem receber uma ajuda equivalente a 50% do montante pago aos bolseiros.