Universidades portuguesas com menos 6000 alunos, o número mais baixo em quase dez anos

O ingresso no ensino superior é, para muitos, o iniciar e, ao mesmo tempo, o concretizar de um sonho. Durante o fim de semana saíram as listas de colocados e a primeira conclusão que podemos tirar é que o sonho universitário continua a existir mas os sonhadores, esses, são menos.
Este ano foram colocados nas universidade e politécnicos portugueses 43.899 alunos. Segundo dados da Direção-geral do Ensino Superior, é preciso recuar quase dez anos, até 2016, para ver um número mais baixo.
A verdade é que a taxa de colocação até subiu este ano, para 90,1%, o que revela que o problema não está na aparente dificuldade de ingressar no ensino superior, mas sim na redução do número de candidatos. Este ano, concorreram à primeira fase de ingresso no ensino superior 48.718 alunos, menos 16,4% do que há um ano.
De acordo as informações fornecidas pela Direção-Geral do Ensino Superior, 63,1% dos estudantes foram colocados na sua primeira opção e 90,9% numa das suas três primeiras opções de candidatura, os valores mais elevados dos últimos anos e um dos fatores mais relevantes para o sucesso académico.
Ainda assim, o número de vagas por preencher foi de 11.153, o mais elevado desde 2016.
Entre instituições de ensino, apenas o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa registou, ligeiramente, mais alunos colocados agora do que em 2024, ao contrário de todas as outras instituições que têm agora menos estudantes no primeiro ano em relação ao ano passado. Os institutos politécnicos são os mais afetados pela redução de alunos.
Preços dos quartos e exames nacionais: o que explica este decréscimo?
Alugar um quarto em Portugal custava uma média de 415 euros por mês, segundo relatório sobre Alojamento Estudantil que data de julho passado e que analisa a oferta privada de alojamento de mais de 20 plataformas distintas e faz a monitorização de mais de 100 mil anúncios de quartos/apartamentos destinados a estudantes.
Se recorrermos ao mesmo relatório, percebemos que, em Lisboa, o preço médio de um quarto ronda os 500 euros, com os valores a variarem entre os 268 e os 722 euros.
Preços que se revelam um exame difícil de passar para os jovens estudantes deslocados, muitos deles impossibilitados de avançar com uma fatia do orçamento familiar tão elevada para poderem continuar a estudar.
Os dados da Direção-Geral do Ensino Superior indicam que o número de alunos mais pobres colocados no ensino superior diminuiu em relação ao ano passado. Os alunos que utilizaram as vagas criadas exclusivamente para estudantes com parcos recursos económicos também foram menos: dos quase 43 mil estudantes, 1.548 são beneficiários de escalão A de Ação Social Escolar (ASE) sendo que, destes, 1.123 foram colocados através deste contingente prioritário.
As alterações ao processo de acesso ao ensino superior também podem ter gerado alguma desconfiança e incerteza por parte dos estudantes.
Segundo as novas regras para as candidaturas deste ano, os exames nacionais utilizados como provas de ingresso passaram a valer 45% da nota de entrada enquanto a média final do secundário ficava a valer apenas 40%. De acordo com as regras do governo, o peso da média do secundário não pode ser maior que o peso das provas de ingresso na nota final, sendo que o número de provas de ingresso necessárias à candidatura cabe a cada instituição decidir - mas o mínimo são dois exames.
Engenharia Aeroespacial no Porto tem a média mais alta
O curso de Engenharia Aeroespacial no Porto voltou este ano a ter a média mais alta. O último aluno entrou com uma média de 19,43 valores. Seguem-se cursos como Engenharia de Sistemas Informáticos, no Politécnico do Cávado e do Ave, Engenharia Aeroespacial na Universidade do Minho e Engenharia de Gestão Industrial na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
No top de cursos com notas mais difícieis Medicina surge em quinto lugar, com a média de entrada a a fixar-se em 18,53 na Universidade do Porto. Este ano, entraram 1.647 estudantes em cursos de Medicina no país.
As matrículas dos estudantes agora colocados realizam-se a partir desta segunda-feira, entre 25 e 28 de agosto.
Os alunos que pretendam mudar de curso ou que não tenham ficado colocados podem ainda candidatar-se à 2.ª fase, que começou esta segunda-feira e termina a no próximo dia 3 de setembro.
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