Bens essenciais só para alguns. Quais são os países mais desiguais da Europa?

Os últimos dados do Eurostat sobre os produtos e serviços que as pessoas podem comprar contam a história de duas Europas.
Cerca de 27,5 milhões de cidadãos da União Europeia vivem em condições de privação grave, quer social quer material.
A privação material e social refere-se à incapacidade de adquirir alguns bens, ou serviços, considerados desejáveis ou mesmo necessários para levar uma vida adequada.
As taxas mais elevadas registam-se na Europa Oriental, com a Roménia em primeiro lugar. Aqui, 17,2% das pessoas têm dificuldades em fazer face às despesas.
Segue-se a Bulgária (16,5%) e a Grécia (14%). Estes três países também lideravam a tabela do ano passado.
No entanto, a Roménia e a Bulgária registaram melhorias substanciais comparativamente ao último ano, de acordo com os dados do Eurostat.
A Roménia baixou a taxa em 2,6%, enquanto a Bulgária a reduziu em 1,5%.
Ao mesmo tempo, a percentagem de pessoas com dificuldades de subsistência aumentou 0,9% na Finlândia, 0,6% na Estónia e na Eslováquia e 0,5% na Suécia e na Grécia.
No extremo oposto estão a Eslovénia (1,8%), a Croácia (2,0%), a Polónia e o Luxemburgo (ambos com 2,3%) e Chipre (2,5%), que registaram as taxas mais baixas.
A maioria das regiões dos países nórdicos registou taxas inferiores a 5,0%.
O que significa viver em situação de privação social e material?
Viver em situação de privação material e social não é exatamente o mesmo que viver em situação de pobreza, mas é um quadro semelhante.
De acordo com o Eurostat, as pessoas nesta categoria não podem pagar as comodidades básicas da vida quotidiana, por exemplo, uma semana de férias por ano, ligação à Internet, uma refeição de carne ou peixe de dois em dois dias, ou sair para beber um copo uma vez por mês.
Significa também ter um nível de conforto mais baixo, por exemplo, não poder fazer face a despesas inesperadas, substituir roupa e mobiliário gastos, ou manter a casa suficientemente quente.
Qual é o panorama da privação de região para região?
A nível regional, os números são mais impressionantes.
As ilhas jónicas gregas registam uma taxa de 28%, o sudeste da Roménia mais de 26% e a Calábria italiana quase 25%, o que significa que cerca de um quarto de todos os cidadãos não tem meios para comprar artigos ou serviços considerados necessários para uma vida decente.
De facto, a Itália regista a maior disparidade da UE entre as zonas mais ricas e as mais pobres, ou seja, 24,8 pontos percentuais.
A Grécia e a Roménia registaram igualmente grandes disparidades: 20,3 pontos percentuais e 16 pontos percentuais, respetivamente.
Onde se registam as taxas de privação mais elevadas na Europa Ocidental?
Entretanto, em França, as regiões com as taxas de privação mais elevadas são todas territórios ultramarinos: Guiana (19,8 pontos percentuais), Guadalupe e Reunião, ambas com 12,9 pontos percentuais.
Para além da Calábria, a taxa mais elevada da Europa Ocidental foi registada em Bruxelas (13,6%), seguida de outro território belga, a província do Hainaut (13,2%).
Do ponto de vista demográfico, o grupo mais gravemente afetado é o dos homens com menos de 18 anos.
Um total de 8,1% dos homens menores de idade em todo o bloco vive em situação de grave privação social e material.
Os pensionistas e as pessoas com mais de 65 anos em geral parecem ser os que correm menos riscos (5,1%).
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