Lisboa-Paris em 9 horas? Projeto europeu de TGV custa 550 milhões de euros
Imagine comer um croissant ao pequeno-almoço em Paris e um gaspacho ao almoço em Madrid, graças a uma viagem de comboio de seis horas. É o que a Comissão Europeia quer que seja possível em breve, com o objetivo de desenvolver novas e mais rápidas ligações ferroviárias em todo o continente.
"Atualmente, os comboios de alta velocidade ainda estão concentrados em apenas alguns Estados-membros: Espanha, França, Itália e Alemanha. Infelizmente, a Europa Central e Oriental continua a ter poucas ligações", afirmou Apostolos Tzitzikostas, comissário europeu responsável pelos Transportes Sustentáveis e pelo Turismo, após ter apresentado a visão do executivo europeu para viagens de comboio mais rápidas e potencialmente mais baratas em toda a Europa.
"Imaginem viajar entre Berlim e Copenhaga em quatro horas, em vez de sete. O comboio seria definitivamente preferível ao avião", acrescentou.
O plano visa reduzir significativamente o tempo das viagens de comboio entre as principais cidades europeias ao longo das próximas duas décadas e a criação de uma linha de Talin a Varsóvia - com paragens em Riga e Vilnius - com um tempo total de viagem de 7 horas e 40 minutos, bem como uma linha de Lisboa a Paris via Madrid, com uma duração de cerca de nove horas.
Até 2030, viagens como Copenhaga-Berlim passarão de sete para quatro horas, Paris-Roma de 10 horas e 50 minutos para 8 horas e 45 minutos e Viena-Liubliana de pouco mais de seis para quatro horas e meia. Em 2035, Praga-Viena deverá demorar apenas 2 horas e 15 minutos em vez de quatro, Viena-Varsóvia 4 horas e 15 minutos em vez de 7 horas e 30 minutos e Sófia-Atenas seis horas em vez de quase catorze.
Na fase final, prevista para 2040, Budapeste-Viena passará de 2 horas e 40 minutos para 1 hora e 40 minutos e Budapeste-Bucareste de 15 para pouco mais de 6 horas.
Um relatório da Greenpeace publicado em 2023 concluiu que os bilhetes de comboio são, em média, duas vezes mais caros do que os de avião, o que significa que o preço continua a ser a chave para transferir passageiros dos aviões para os comboios.
"O comboio de alta velocidade deve ser competitivo e acessível", disse a Comissão Europeia esta quarta-feira. Para o efeito, o executivo comunitário propõe o aumento do número de empresas operadoras, a fim de aumentar a concorrência e reduzir potencialmente os preços para os consumidores, "como se verificou em países como Espanha e Itália", o que resultará numa "redução dos preços e no aumento do número de passageiros".
A Comissão anunciou também uma proposta legislativa para melhorar os sistemas transfronteiriços de emissão e reserva de bilhetes de comboio.
"Vamos apresentar esta proposta no início de 2026, para que todos os passageiros possam, com um clique no seu telemóvel ou no seu PC, reservar e comprar um bilhete transfronteiriço através de diferentes empresas e de forma multimodal", disse Tzitzikostas.
As novas linhas representarão um grande investimento para a UE - cerca de 550 mil milhões de euros - e a Comissão planeia desenvolver uma estratégia de financiamento que combine fontes públicas e privadas. A Comissão pretende igualmente aumentar a capacidade de produção de comboios na Europa.
Segundo a Comissão, encomendar um novo comboio significa atualmente esperar quatro a seis anos, enquanto os concorrentes, nomeadamente na Ásia, são muito mais rápidos.
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