Comissão turca começa a trabalhar no acordo de paz do PKK, um passo para o fim de uma insurreição que dura há décadas

Uma comissão parlamentar recém-formada na Turquia, encarregada de supervisionar uma iniciativa de paz com um grupo militante curdo, realizou a sua reunião inaugural na terça-feira, marcando mais um passo no sentido de pôr fim a uma insurreição de décadas.
O comité de 51 membros, composto por legisladores da maioria dos principais partidos, foi encarregado de propor e supervisionar as reformas legais e políticas destinadas a fazer avançar o processo de paz, na sequência da decisão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de se dissolver e depor as armas.
Os combatentes do grupo começaram a entregar as suas armas numa cerimónia simbólica no norte do Iraque no mês passado, o primeiro passo concreto para o desarmamento.
No seu discurso de abertura, o presidente do Parlamento turco, Numan Kurtulmuş, considerou o lançamento da comissão um "ponto de viragem histórico".
"A comissão aqui reunida não é uma delegação comum; é uma delegação histórica, que demonstra a coragem de reparar o nosso futuro e a vontade de reforçar a integração social", afirmou.
"Nesta sala, estamos a testemunhar o início de uma nova era, representando a vontade da nação", acrescentou Kurtulmuş.
Na terça-feira, o comité decidiu denominar-se de Comité Nacional de Solidariedade, Fraternidade e Democracia, de acordo com o jornal diário Sabah, que é próximo do governo do presidente Recep Tayyip Erdoğan.
Durante a sua primeira reunião, os membros do comité deverão também discutir os próximos passos.
O PKK anunciou em maio que iria dissolver-se e renunciar ao conflito armado, pondo fim a quatro décadas de hostilidades.
A decisão foi tomada depois do líder do PKK, Abdullah Öcalan, preso numa ilha perto de Istambul desde 1999, ter instado o seu grupo, em fevereiro, a convocar um congresso e a dissolver-se e desarmar-se formalmente.
O PKK tem travado uma insurreição armada contra a Turquia desde 1984, inicialmente com o objetivo de criar um Estado curdo no sudeste do país.
Com o tempo, o objetivo evoluiu para uma campanha por uma maior autonomia e direitos para os curdos na Turquia.
O conflito entre os militantes e as forças do Estado, que se estendeu para além das fronteiras da Turquia, para o Iraque e a Síria, já matou dezenas de milhares de pessoas.
O PKK é considerado uma organização terrorista pela Turquia, os Estados Unidos e a União Europeia.
Os anteriores esforços de paz entre a Turquia e o PKK fracassaram todos, o último dos quais em 2015.
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