Mensagens fraudulentas: PGR alerta para falsas ofertas de emprego

As "ofertas de emprego" via telemóvel parecem estar a crescer em Portugal. As burlas por chamada telefónica, SMS ou WhatsApp andam à solta e têm enganado milhares de pessoas por todo o país, incluindo jovens em início de carreira e desempregados.
O gabinete de cibercrime da Procuradoria-Geral da República alertou, no início de junho, para mensagens escritas e chamadas telefónicas que prometem oportunidades de trabalho, que geralmente são bem remuneradas e online, e exigem poucas horas diárias de dedicação.
De acordo com a PGR, a abordagem é sempre direta e feita por um alegado departamento de recursos humanos. Os supostos candidatos são também muitas vezes convidados a aderir a um grupo de conversação numa plataforma de mensagens, sendo as mais comuns o WhatsApp e o Telegram.
Estas mensagens enganosas costumam começar com "Recebemos o seu currículo”, “Temos uma oportunidade de emprego parcial para si", "Convidamo-lo a juntar-se à nossa equipa online”, ou “Convidamo-lo a ajudar os profissionais de marketing do Instagram a aumentar a visibilidade a as visualizações das suas contas". Acontece frequentemente a vítima cair na "armadilha" de aceitar a alegada oferta de trabalho e, posteriormente, receber orientações do grupo criminoso de como deve prosseguir.
Muitas vítimas até começam por receber pequenos pagamentos não superiores a 10 euros, especialmente quando a "contratação" se trata de deixar likes ou comentários em publicações nas redes sociais, com a finalidade de aumentar a visibilidade de páginas. Isto permite "fidelizar" a vítima e levá-la a acreditar que pode receber mais dinheiro e que a oportunidade de trabalho não se trata de burla.
Na etapa seguinte, a vítima é encorajada a adiantar dinheiro com a garantia de que este valor lhe será devolvido mais tarde e que esta receberá ainda uma "generosa comissão", lê-se no alerta do Ministério Público. A pessoa é levada a acreditar que ocorre uma devolução do dinheiro, que, na realidade, é apenas ilusória. O dinheiro não é entregue à vítima, é sim guardado numa espécie de conta virtual ou saldo interno, de onde não pode ser levantado.
É aqui que a ficha começa a cair e que as pessoas, que inicialmente confiaram nas alegadas ofertas de trabalho, se apercebem que foram burladas. Segundo a PGR, normalmente as vítimas, especialmente os jovens que estão à procura do primeiro emprego ou desempregados, não verificam ou questionam sobre a alegada empresa que as quer contratar. Também não se perguntam como é que a alegada empresa chegou até elas, limitando-se a aceitar a proposta.
O método favorito destes esquemas parecem ser, no entanto, as chamadas telefónicas que costumam começar com "Olá, recebemos o seu currículo". Mas qualquer outro tipo de contacto deste género deve ser avaliado e, se possível, denunciado às autoridades.
Burlas "Olá mãe, olá pai?" atingiram o valor de 109 235,60 euros
A burla "Olá mãe, olá pai?" é outra tentativa de extorsão, que ganhou popularidade no ano passado. Tudo começava com uma mensagem no WhatsApp, em que alguém se fazia passar por um(a) filho(a) ou familiar próximo e pedia dinheiro: “Estou com um problema no telemóvel e estou a usar este número; anota, por favor", seguida de "Podes pagar-me uma conta no multibanco? Envio-te aqui o NIB e o valor”.
Tratando-se de um pedido um(a) filho(a) ou familiar próximo, a vítima sentia urgência em enviar o dinheiro sem, muitas vezes, verificar a verdadeira identidade por trás da mensagem.
No mês passado, sete homens e duas sociedades foram condenados pelo Tribunal Judicial de Leiria, na sequência deste esquema. Os arguidos tinham idades entre os 22 e 68 anos, residiam na Grande Lisboa, e as burlas tentadas e consumadas, atingiram o valor global de 109.235,60 euros, lesando 41 pessoas, indica a agência Lusa.
Gregos também têm sido alvo de burlas deste género
Na Grécia, as tentativas de burlas também tem sido frequentes. Recentemente, a unidade de ciberalerta do país alertou os cidadãos para um novo esquema de burla que envolve mensagens falsas via SMS e e-mail, que supostamente são enviadas por empresas de entregas. As vítimas recebem mensagens destas alegadas empresas que pedem o pagamento de “taxas de desalfandegamento” ou atualizações de dados de entrega.
Outro esquema que se está a tornar popular na Grécia, onde a comunicação com as vítimas também é feita através de mensagens escritas, consiste numa alegada devolução de dinheiro do serviço fiscal. A mensagem alega que o serviço fiscal aprovou devoluções de dinheiro após serem preenchidos os impostos anuais. É, então, enviado um link onde a vítima pode reclamar o seu dinheiro, tendo 24 horas para o fazer.
Para além destes esquemas, está a tornar-se popular outro tipo de burla em que grupos criminosos se fazem passar pela Europol ou pela polícia grega e informam a vítima de que esta é acusada de crimes graves. A mensagem enviada inclui um aviso que diz que a pessoa tem 48 horas para responder e fornece um link, que ao ser carregado dá permissão aos burlões paara acederem a contas bancárias e outras informações pessoais.
A DECOPROteste elaborou um plano para prevenir ciberataques em sete passos, de modo a evitar eventuais burlas:
1. Seja cético e esteja atento a e-mails, mensagens ou chamadas telefónicas que não iniciou.
2. Verifique a origem da mensagem e da alegada empresa ou identidade que a envia.
3. Use passwords fortes e únicas.
4. Não forneça informações sensíveis como números da Segurança Social ou de contribuinte, detalhes de conta bancária ou informações de cartão de crédito.
5. Esteja atento a burlas comuns, como pagamentos antecipados, burlas com encomendas, "problema com a conta bancária", entre outras.
6. Desconfie de urgência e pressão exercida nas mensagens.
7. Verifique os URL dos sites
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